quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Do meu lado.

Tudo parece estar parado
não tenho mais nada a fazer
nada mais parece ter importância para mim
não quero dormir nem estar acordado
quero apenas ficar ao teu lado
não quero tocar em mais nada que não seja teu corpo
não quero sentir mais nenhum gosto que não seja o do teu beijo
vem, chegue logo, venha ficar do meu lado
não tem porque eu estar aqui sem ser do teu lado
venha, deixa eu sentir teu amor, deixa eu te dar meu amor
vem me fazer feliz, faça eu enfim, acordar neste dia
tu sabes da tua importância para mim
o tempo está passando e você não chega
to aflito, não sei o que faço, preciso que esteja ao meu lado
ainda não te vi aqui hoje, preciso te ver
nenhum outro me importa, é você quem eu quero
nenhum outro me faz rir, só você consegue fazer isso
não consigo ver mais nada ou ninguém, só conseguirei ver você
não sinto cheiro algum, só sentirei o seu quando estiver aqui comigo
vem, não demora, deixa eu te fazer feliz
fiquei feliz, você chegou, você me fez rir
como é bom o gosto do teu beijo, o calor do teu abraço
como é bom ter você ao meu lado.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Amor

Não quero que passe como algo passageiro
quero que fique para sempre ao meu lado
deixe que eu sinta por muito tempo o teu cheiro
deixe que seus braços sejam sempre o lugar onde eu me sinta seguro

não tenho motivos, porém sinto medo
saiba que sempre estarei para ti
saiba que nunca me afastarei
como é forte o que sinto por ti

surpreendo-me a cada dia
e que bom, pois é algo incrível
o passado, não ligue, não tema
o presente e o futuro, para nós, para sempre

ah, como este teu jeito me encanta
para nós, como sabes, moleca

não me vejo mais longe de ti
meu futuro, eu desejo ao teu lado
no domingo, como disse, tu sabes
tu bem sabes, eu to apaixonado

chuva eu penso, e no sol também penso
só me vejo pensando em ti
que saudade que bate no peito
decidi me entregar para ti

eu te amo e eu tenho certeza
para sempre seremos felizes
e no bar ainda muita cerveja
acredito no que tu me dizes.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Pensando

O que faço aqui à essa hora?
nada fiz durante todo o dia, ou melhor, fiz sim, fiquei pensando em ti
me sinto tão sozinho nos últimos dias
sinto tanta falta de alguém ao meu lado
mas não pode ser qualquer um,
não são todos que são capazes de me fazer companhia
sente-se ao meu lado, abraça-me de toda forma que puder, deixe que eu sinta o calor do teu corpo, deixa eu sentir tua respiração no meu ouvido
sinta meu corpo junto ao teu
quero lembrar-me todos os dias como é bom te ter ao meu lado
quero lembrar-me todas as manhãs de nossas pernas entrelaçadas durante a noite
de nossas risadas por cada besteira que falamos
dos nossos xingamentos que dizemos todas as vezes que fazemos amor
faça-me companhia
aceite minha companhia
ao menos por esta noite.

Gosto

Gosto da sua sinceridade
quando diz na minha cara
que assim não faz mais
que não quer, que não pode

Gosto quando vem me encontrar
seu andar saltitante
com seu belo sorriso
cada vez mais distante

Gosto quando vem me encontrar
e então me tocar
entregar-se pra mim

Gosto quando ao meu ouvido
um poema mais lindo
tu declamas pra mim

gosto quando vem me acordar
e dizer que acabou
que de tudo tentou
e não dá, não dá mais.

sábado, 19 de julho de 2008

Pessoal

Mas alguém ainda gosta dela?
ela ainda gosta de alguém?
outro sente algo por ela?
o que faço no meio disso tudo?
quantos preciso vencer?
o que preciso fazer pra te ter em meus braços?
porque essa noite fiquei pensando em você?
tantas pessoas e só olhei pra você
como posso mostrar, como posso dizer
é, não há como esconder.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Companhia

Não, não ache que aquele não tem importância para ti
não ignore as pessoas que podem te ver e te tocar
não apenas alimente-o, dê-lhe um pouco de atenção
faça-o sentir teu calor
faça-o sentir amado por ti.
As pessoas não acreditam mais na sua fraternidade, não acreditam mais no poder da tua companhia
sinta-os
olhe-os
sente-se junto deles
não os maltrate.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Pássaro

Precisamos lembrar daquele lugar?
Não acho que devíamos mais procurar aquele pássaro
fique na sua casa que estará segura
fique onde está que o mundo está muito selvagem
o que sinto não é capaz de protegê-la o suficiente
queria você aqui fora comigo, mas fique onde está
não chore pois estou pensando em você
não grite pois o meu coração não te ouve
não faça com que eu me sinta culpado
o pássaro não alcança lugares tão extremos, ele não chega onde queremos
alguém romperá esta barreira e a fará sorrir
não sei até que ponto serei festejado se conseguir
o que parece com você não me quer ao seu lado
não fique com raiva garota, eu tentei ficar com você aqui fora
não fique com raiva de mim garota.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Um pouco do que vivemos

Não vou esquecer de nenhum momento que passamos juntos
primeiro dia, sobe no banco, opa!
terceiro dia, não resisti à sua boca
não vou esquecer da conversa fiada em uma mesa de bar
não vou esquecer do andar apressado
do voltar igual o de sua mãe
do rosto e do jeito daquele personagem infantil
ainda acho que tínhamos muitas coisas boas para viver juntos
no centro te vejo, na volta me junto à você
a "brusa" estica, me acabo de rir
não há como esquecer do velho chico
no sofá no meu colo repousa
com os amigos jantamos, oh moça!
o seu tio, suas tias, sua mãe
como sempre eu acho engraçado
será que valorizei demais as coisas?
não, acredito que não, só estou apaixonado
não sei quanto tempo isso pode durar
deixo-te livre mas espero que volte
por enquanto, triste, minha única companheira é a saudade.

domingo, 1 de junho de 2008

Consequências

Não tenho mais amigos
o amor tirou todas as pessoas com quem eu conversava
o amor tirou o botão de minha blusa
tirou as paredes de meu quarto
a mochila de minhas costas
o amor tirou o cadarço de meu tênis
o amor tirou a última camisa que sobrava em meu guarda-roupa
o amor tirou a xícara em que eu bebia café
tirou a caneta que eu usava para escrever minhas poesias
o amor tirou meu velho rádio onde eu ouvia músicas que faziam lembrar de algo
o amor tirou o meu lençol, a fronha de meu travesseiro, o meu colchão
o amor tirou meu teto e meu chão
o amor tirou a minha própria liberdade, a minha própria mentalidade, tirou meu medo da morte e minha própria razão.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Últimos tempos

Nasci no dia 21 de abril de 1945.
Morava com meus pais e meus irmãos - dois homens e uma mulher - em uma cidade pequena do interior.
Não tínhamos muito conforto, mas nunca nos faltou nada, nosso quintal era repleto de árvores com frutas e legumes que tínhamos à vontade durante as quatro estações do ano.
Meu pai insistia que eu seguisse a carreira militar, mas preferi seguir outro rumo e fui para a cidade grande tentar a sorte.
No começo foi muito difícil, não arrumei emprego e passei muita necessidade, passei fome e cheguei a dormir na rua.
Um tempo depois as coisas começaram a melhorar um pouco. Arrumei um emprego como faxineiro em uma escola da cidade, e a partir desse momento comecei a mandar um pouco de dinheiro para meus pais e meus irmãos no campo.
Foi então que conheci Josefina, professora da escola onde eu trabalhava, linda, me apaixonei logo. No começo ela não me dava muita conversa, mas insisti e ela acabou aceitando me namorar.
Namoramos por um ano e decidimos nos casar. Eu me sentia o homem mais feliz do mundo.
As coisas estavam indo muito bem, até que um dia a escola em que Josefina e eu trabalhávamos fechou.
Perdemos nossos empregos.
Um mês depois Josefina me deu a notícia de que esperava um filho nosso e perguntou se eu queria que ela provocasse um aborto.
Eu respondi que não.
O tempo passava e eu não conseguia arumar emprego, a barriga de Josefina crescia e meu peito apertava. Pela primeira vez eu estava com medo.
As ruas estavam sendo tomadas por manifestações contra a ditadura, e as forças armadas eram cruéis com quem fizesse qualquer tipo de manisfetação desse tipo.
Um tempo depois arrumei um emprego como ajudante de obra, onde o salário mal dava para alimentar meu filho tinha acabado de nascer.
Eu ainda gastava grande parte desse pequeno salário com os vicíos que passei a ter, as bebidas principalmente.
Conheci a cerveja, a cachaça, a maconha e as brigas com Josefina, que não aguentava mais aquela situação e não admitia que eu me entregasse daquela forma aos vícios e não desse comida para minha família.
Eu não tinha mais notícias de meus pais ou meus irmãos.
Logo depois Josefina descobriu que estava grávida novamente. Tive uma filha.
Lembro do dia em que cheguei em casa, bêbado como sempre, e vi Josefina com meus dois filhos no colo, um em cada braço, eles não tinham mais força nem mesmo para chorar tamanha a fome que sentiam.
Josefina me viu e disse:
-Você é um vagabundo, fracassado, vai deixar seus filhos morrerem de fome.
Fiquei parado, perplexo, não acreditava no que estava vivendo.
Através de uns amigos conheci um lugar onde as pessoas se reuniam para planejar ataques contra a polícia. Era o partido.
Eles me deram apoio e as coisas começaram a melhorar.
Arrumei um bom emprego, dei comida à minha família, estava tudo muito bem. Até o dia em que entraram em minha casa.
Bateram em Josefina e a estupraram, levaram meus filhos e me prenderam.
Eles não tinham o direito de fazer aquilo. Eram alguns de nós mesmos.
Eles disseram que eu deveria morrer por ser contra a ordem da nação, mas eu só queria liberdade.
Lembrei de meus pais e meus irmãos, de Josefina, de meus filhos, meus filhinhos.
Foi a última lembrança que eu tive.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Lembranças que ficaram

Eu vi, eu vi sim, eu estava lá.
Pude presenciar a dor que ela sentiu, vi de perto toda a crueldade que algo com forma humana cometeu.
Os aviões não vomitavam pára-quedas, o mar não foi tomado por criaturas vindas de longe.
Aquilo que arrancou sua vida não parecia ter amor, e estava aqui, do nosso lado.Eu vi, não foi só um, aqueles que fizeram aquilo não tinham amor, pareciam não sentir nada, pareciam apenas máquinas, máquinas que arrancavem toda vida, todo amor, tudo o que sentíamos.
Sua família também viu, seus filhos viram, seu marido, seu pai e sua mãe.
Com choques a inutilizaram, não lhe deram nem a chance de se defendar, bateram em sua face.
Com paus eles fecharam todos os orifícios de seu corpo.
Arrancaram os fios de seus cabelos, batiam com porretes em suas costas, mas a dor parecia ser tão intensa que não se ouvia mais nenhum grito, não tinha força para isso.
Seu rosto parecia não ter mais uma forma humana.
Também vi muitas pessoas passarem por crueldade semelhante. Tive de ver e conviver com os anos que nos tiraram a liberdade, com os anos sem amor, anos tão duros aqueles foram.
Não conseguia acreditar que aquilo foi feito por nossos próprios irmãos, pessoas que nasceram e viveram na nossa nação.
Aqueles que nos defendiam, nos atacaram.
Aqueles em que nós confiávamos, nos calaram.
Aquilo não foi uma guerra como alguns deles disseram, foram obrigados a adotar essa idéia já que não podiam pensar, pois numa guerra os dois lados estão armados e nossa luta era o anseio pela liberdade, não precisávamos de armas para isso. Aquilo foi somente um ataque, vários ataques covardes.
Não quis ficar calado, eu não podia ficar calado.
Aquilo foi algo que não vou esquecer, sei que não vou esquecer. Jamais poderei esquecer minha família chorando enquanto eu, amarrado, ouvi:
-Atirem!